terça-feira, 9 de abril de 2019

A Potência transformadora do 'Caboclo de Arthur Scovino'

Arthur Scovino https://arthurscovino.wordpress.com/




Revista :Estúdio

versão impressa ISSN 1647-6158

Estúdio vol.7 no.14 Lisboa jun. 2016

 

ARTIGOS ORIGINAIS
ORIGINAL ARTICLES
A Potência transformadora do 'Caboclo de Arthur Scovino'
The power of change of 'Caboclo', from Arthur Scovino

Orlando Maneschy*
*Brasil, artista visual, curador e professor. Membro do Conselho Edtorial.
AFILIAÇÃO: Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Arte, Programa de Pós-Graduação em Artes. Av. Presidente Vargas, S/N, Praça da República – Belém – Pará, CEP: 66017-060, Brasil.

Endereço para correspondência

RESUMO:
Este artigo apresenta a produção do artista brasileiro Arthur Scovino, que vem articulando projetos em que arte e cultura brasileira são ativadas enquanto deflagradores para processos para a performance, constituindo um projeto artístico complexo e sensível, em pleno diálogo com matrizes culturais do povo brasileiro.
Palavras-chave: performance, brasilidade, transcendência.

O pajé e o caboclo: de homem a entidade*

Mana

Print version ISSN 0104-9313On-line version ISSN 1678-4944

Mana vol.5 n.1 Rio de Janeiro Apr. 1999

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93131999000100002 


O pajé e o caboclo: de homem a entidade*

Véronique Boyer


Debaixo da obediência das três pessoas da Santíssima Trindade eu peço licença para comunicar-me com os espíritos dos sete Caboclos e das sete Caboclas, curadores e curadoras. Ó almas benditas dos caboclos e das caboclas, vós fôstes como eu e eu serei como vós. (Oração dos Sete Caboclos — apud Câmara Cascudo 1951).
Na hora da possessão, mas também nas discussões informais entre integrantes dos cultos de possessão brasileiros urbanos, não é rara a referência a um personagem familiar: o caboclo. Durante as chamadas sessões de terreiro, cada médium representando um caboclo diferente escuta os pedidos dos consulentes relativos à saúde deficiente, situação familiar instável ou emprego precário. Em retorno, todos recebem conselhos de firmeza e perseverança, às vezes formulados em tom irônico, outras vezes enunciados com compaixão. Aqueles que, segundo um possuído, não comparecem com assiduidade ao terreiro, podem ser alvo de uma apóstrofe nem sempre agradável, assim como também poderiam sê-lo os novos clientes que, estranhando por não reconhecerem naquele médium o "caboclo" que costumam consultar, viessem a compartilhar esses pensamentos com os demais presentes.

Os caboclos na arte: Inspirados em relatos de caboclos, artistas criam versão das mulheres líderes na Guerra do Contestado

Mulheres e crianças tiveram participação importante na Guerra do Contestado. Uma das  presenças femininas está personificada em Maria Rosa, uma jovem de 15 anos que exercia liderança e atuava em confrontos armados. Aparece montada em seu cavalo branco, estandarte na mão esquerda e arma na mão direita. Está imortalizada na obra de Willy Zumblick. Conforme alguns livros, teria morrido em 1914 lutando contra as tropas do general Setembrino de Carvalho, às margens do Rio Caçador. 
A memória de Maria Rosa – assim como de virgens videntes, líderes caboclas, combatentes e guerreiras – está traduzida ao longo do tempo por diferentes artistas. Com características físicas diversas e até surpreendentes, observa Rita Petrykowski Peixe, doutora em Educação.
Foto: Reprodução / Reprodução

– As percepções pessoais dos artistas que recriam e reelaboram cenas e personagens (principalmente aqueles dos quais há apenas relatos, ainda que breves) são materializadas, comprovando que, no âmbito do universo artístico não há fronteiras que delimitem fato e idealização – diz Rita, autora da tese Imagens que (re) constroem História: Alegoria e Narrativa Visual da Guerra Sertaneja do Contestado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professora e coordenadora de Extensão do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Itajaí.
Foto: Reprodução / Reprodução

Na linguagem dos artistas, Maria Rosa do Contestado se apresenta loura ou morena, heroína, santa e mulher. Na obra de Leandro Vitto é representada como de pele morena. E na de Dea Reichmann como uma espécie de ¿cabocla loura¿. Não há padrões estéticos definidos, porém, observa Rita Peixe, uma imagem é sempre re (criada) a partir dos relatos dos que conseguiram sobreviver a um dos conflitos mais sangrentos do Brasil.



Um aspecto da diversidade cultural do caboclo amazônico: a religião

Estudos Avançados

Print version ISSN 0103-4014On-line version ISSN 1806-9592

Estud. av. vol.19 no.53 São Paulo Jan./Apr. 2005

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142005000100016 

DOSSIÊ AMAZÔNIA BRASILEIRA I

Um aspecto da diversidade cultural do caboclo amazônico: a religião


Raymundo Heraldo Maués

RESUMO
ESTE TRABALHO trata de um aspecto da diversidade cultural do caboclo amazônico, isto é, a religião. Esta se constitui numa espécie de catolicismo popular, que mantém relações com o xamanismo nativo – a pajelança cabocla –, e que se originou de antigas práticas e crenças dos índios Tupinambás, que habitaram parte da região amazônica no período colonial, bem como de influências portuguesas e africanas.
Palavras-chave: Amazônia, Religião, Cultura Popular.

ABSTRACT
THIS PAPER deals with a particular aspect of the Amazon caboclo's cultural diversity, namely, religion. Caboclo religion represents a form of folk Catholicism, witch is related to native shamanism – pajelança cabocla –, originating from practices and beliefs of the Tupinambá Indians, who inhabited part of the Amazon Region in colonial times, and cultural influences from Portuguese colonialists and African slaves.
Keywords: Amazon, Religion, Popular Culture.



O PRESENTE TEXTO foi redigido tendo como base minha experiência de trabalho de campo na região do Salgado, no nordeste paraense, desde dezembro de 1975, com períodos de maior ou menor intensidade, até o ano de 1986; é fruto também e de minhas leituras, que incluem obras de antropólogos, historiadores, geógrafos, folcloristas e ficcionistas. Tudo isso indicou-me que, a despeito de algumas variações de crenças e práticas de uma área amazônica para outra, existe um substrato comum que permite uma certa generalização. Por outro lado, porém, os aspectos religiosos da cultura cabocla na Amazônia apresentam uma grande riqueza de mitos, concepções, crenças e práticas. Se a isso

Candomblé de Caboclo, Oxossi e a Umbanda

Das três principais etnias Nagô (ou Kétu), Fon (ou Jeje) e Angola (ou Bantu) que deram forma ao Candomblé no Brasil, os Bantus foram os que mais se aproximaram aos nativos brasileiros. Com isso no final do século XVIII surgiram no Recôncavo Baiano os primeiros Candomblés de Caboclo.
Os dirigentes desses Terreiros cultuavam no mesmo terreno, mas em espaços separados, divindades africanas e espíritos de nativos brasileiros denominados de "Índios ou Caboclos". Esses espíritos, quando se manifestavam nestes Terreiros, eram classificados como Caboclos de Pena ou Caboclos de Couro.
Os Caboclos de Pena eram os índios das tribos que viviam da caça, pesca e que se adornavam com penachos, cocares e colares artesanais. Os Caboclos de Couro eram os espíritos dos vaqueiros ou boiadeiros tratadores de gado que usavam indumentárias e chapéus de couro. Todos esses Caboclos tinham como finalidade o aconselhamento aos aflitos, lhes indicando banhos, defumadores, oferendas e tudo que pudesse ajudá-los na resolução dos problemas.

Do significado de Caboclo

"9...) Além das características étnicas, o termo caboclo é utilizado na religião. De acordo com a definição do Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, caboclo é, “nas religiões ou seitas afro-brasileiras, designação genérica dos espíritos de ancestrais indígenas brasileiros que supostamente surgem nas cerimônias rituais e que foram idealizados, já no século XX, segundo os modelos de orixás da teogonia jeje-nagô e do Indianismo literário da fase romântica”.


Além de sua utilização no campo religioso, o vocábulo caboclo também é utilizado como sinônimo para tapuio, uma expressão utilizada por alguns povoados de índios para se referir com desprezo a indivíduos que não fossem de seu grupo. Outra palavra utilizada com este mesmo intuito é caburé, caboclo de cabelos lisos e cor de cobre (...)"

Significado de Caboclo

Caboclo é a designação dada no Brasil para o indivíduo que foi gerado a partir da miscigenação de um índio com um branco. Este nome também é usado para adjetivar a figura do homem do sertão brasileiro, que possui modo rústico, desconfiado ou traiçoeiro.

Também chamado de mameluco, caiçara, cariboca, curiboca e caboco, o caboclo é a representação do indígena brasileiro, de pele acobreada e características físicas do homem branco europeu. O caboclo é uma das "sub-etnias" que existe no Brasil e que se originou a partir dos processos de miscigenação que ocorreram no país durante o período da colonização.

Atualmente no Brasil, os caboclos representam o maior número de pessoas da etnia parda, contando com os cafuzos, mulatos e outras "sub-etnias" que surgiram a partir de vários processos de miscigenação.

Veja também sobre o significado de Cafuzo.

Os nomes dos caboclos nas várias religiões

Eles são tantos quantos são os tipos de spin, ou seja, infinitos....

No Candomblé Editar

  • Sultão das Matas
  • Eiru ou Eru
  • Gentileiro
  • Jubiabá
  • Boiadeiro Laje Grande
  • Boiadeiro Laje Branca
  • Pena Branca
  • Pena Verde
  • Tupiaçu
  • Guarani
  • Raizeiro
  • Mata Cerrada

Sociologia: Abuso científico do termo 'caboclo'? Dúvidas de representação e autoridade

Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas

Print version ISSN 1981-8122

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum. vol.1 no.3 Belém Sept./Dec. 2006

http://dx.doi.org/10.1590/S1981-81222006000300004 


ARTIGOS

Abuso científico do termo 'caboclo'? Dúvidas de representação e autoridade1

Scientific abuse of the term 'caboclo'? Questions on representation and authority


Richard Pace
Universidade Estadual de Middle Tennessee. Departamento de Sociologia e Antropologia. Murfreesboro, Middle Tenesse, US (rpace@mtsu.edu)


RESUMO
Os 'caboclos' da Amazônia brasileira estão classificados variavelmente como camponeses, extratores, povo rústico e descendentes miscigenados de europeus, indígenas e africanos. Em quase todos os usos se reconhece um tom pejorativo e raramente usado para chamar uma pessoa do mesmo nível social. As poucas pessoas que se identificam como 'caboclo' usam a palavra para referir-se a si mesmos, a não ser em condições especiais. Aceita-se que uma das finalidades das ciências sociais, particularmente a antropologia, é entender todas as culturas no mesmo nível e dar-lhes a mesma integridade que damos a nossa. Por que, então, insistimos em usar este termo? Esta pesquisa examina esta dúvida através da discussão sobre a representação e o uso de autoridade na documentação etnográfica.